sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Aos meus amigos...
...Seria incapaz de viver sem os meus amigos. Sem a consciência de que existem e são como são. Em tempos mais adversos dou comigo a enunciar mentalmente os seus nomes para me assegurar de que estão presentes e muito próximos. Gosto de estar com eles, divertem-me e divertimo-nos juntos mas, acima de tudo, dão sentido à minha vida. Desdobram, alisam e ampliam a minha existência. São aqueles que falam verdade, que não se protegem nem escudam, perguntam aquilo que temos necessidade que saibam e respondem aquilo que precisamos de ouvir. Põem o dedo nas feridas mas não fazem doer. Curam. São tão amigos e é tão verdadeiro o seu amor que, mesmo distantes ou ausentes, estão sempre connosco. Só é possível partilhar o silêncio com um amigo verdadeiro. Com os outros é impossível. Tudo se torna pesado e aquilo que não conseguimos dizer transforma-se em equívoco. Com os amigos não, o silêncio é bom e traz muita paz. Não tropeçamos nas palavras, não nos embaraçam os gestos e o olhar nunca se perde. Vai direito ao essencial. Para além do silêncio, das palavras e dos gestos há outras maneiras de saber quem são os amigos verdadeiros. Conhecem-se pela intimidade mas, também, pela liberdade. Por seguirem o seu caminho e nos deixarem seguir o nosso. Estão por nós mas não vivem a vida em vez de nós. Seguram-nos mas não nos prendem. Sabem que precisam de estar livres e dão-nos essa liberdade também. Sei, porque sinto, que a amizade é como o amor. Parece diferente mas é quase igual. A vantagem, na verdadeira amizade, é que existe menos posse, menos ciúme e mais liberdade. Por isso gosto tanto do amor dos meus amigos.”